sábado, 29 de março de 2008

...apenas um poema

Do desejo

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas buscando aquele outro decantado surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso lascivo tomas-me o corpo. E que descanso me dás depois das lidas. Sonhei penhascos quando havia o jardim aqui ao lado. Pensei subidas onde não havia rastros. Extasiada fodo contigo ao invés de ganir diante do nada.

Hilda Hilst

Um comentário:

Francisco Sobreira disse...

Lili,
Não tenho como não te confessar. Fui lendo o belo poema em prosa e fiquei surpreso. Surpreso porque era a primeira vez que lia um texto poético seu. No final, vejo que a autora é Hilda Hilst. Mas tenho cá pra mim que vc tem lá, guardados, os seus poemas e nao os deseja mostrar. Ou estou enganado? Espero que não e que os divulgue. Grande abraço.