sábado, 29 de março de 2008

...apenas um poema

Do desejo

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas buscando aquele outro decantado surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso lascivo tomas-me o corpo. E que descanso me dás depois das lidas. Sonhei penhascos quando havia o jardim aqui ao lado. Pensei subidas onde não havia rastros. Extasiada fodo contigo ao invés de ganir diante do nada.

Hilda Hilst

sexta-feira, 28 de março de 2008

Ainda sobre Igrejas + uma Livraria + um amor


Esta é uma livraria na cidade medieval de Maastricht, na Holanda, que funciona em uma igreja desativada construída há 800 anos. Esta igreja já foi utilizada também como um depósito de bicicletas há pouco tempo atrás.



O projeto do escritório de arquitetura Merkx + Girod ganhou o prêmio Lensvelt Architect Interior da Selexyz Dominicanen, por ter conseguido preservar as características originais e o charme da construção, e, ao mesmo tempo, criar espaço suficiente para que os clientes do estabelecimento pudessem circular confortavelmente.





O pé direito da Igreja foi aproveitado com a construção de uma estrutura de aço de vários andares, que funciona como prateleiras com elevadores e escadas para que os visitantes possam escolher seus livros. Com isso, o projeto conseguiu ampliar a área de piso original de 750 m2 para 1200 m2.





Num momento em que as livrarias independentes parecem não ter a menor chance contra as vendas na Internet, ou "Mega Stores", investir em criatividade ainda é uma boa idéia para ocupar novos espaços no mercado.

Para nós amantes do livro, este é um divino convite à leitura.



quinta-feira, 20 de março de 2008

Na cidade de São Sebastião



Eu amo igrejas, vivo entrando em todas e gosto principalmente em horários fora das missas. Acho que esta paixão se deve, pois quando eu tinha 11 anos fui visitar sozinha a Catedral de Brasília com seus anjos que pareciam despencar sobre nossas cabeças. Ainda quero voltar lá, pois não sei se pela minha pouca estatura de menina de 11 anos, o templo de Niemeyer parece enorme na minha memória.
Ontem fui conhecer a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, que já foi a catedral da cidade. Ela foi reinaugurada em 08 de março deste ano, depois de ficar fechada por 18 meses para passar por uma restauração. O local datado de 1761 foi escolhido pela Prefeitura do Rio de Janeiro como símbolo do desembarque da família real portuguesa na cidade em março de 1808. Quando cheguei à Igreja fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que estavam visitando-a, com os guias das visitas guiadas. Era como se eu estivesse numa catedral de um país de primeiro mundo. E a Igreja está linda! Absolutamente linda em todo o seu esplendor com os dourados que adornam as talhas e a pintura do teto da capela principal, foi recuperada toda a glória dos tempos em que o príncipe regente dom João a consagrou capela real.
O programa de restauração foi orçado em torno de 11 milhões de reais, bancados pela prefeitura do RJ. (A gente que reclama também tem que saber fazer uma fala de aprovação quando as coisas são feitas, e principalmente bem feitas).



O restauro quis deixar a igreja o mais próximo possível do que ela era nessa época. O interior da Igreja do Carmo é uma obra-prima do rococó, característico do fim do século XVIII.
Uma das questões com que os restauradores precisaram lidar foi justamente descobrir a cor original das paredes da igreja. Encontraram um bege escuro e, embaixo dele, uma camada de verde. Mas, depois de mais de 100 prospecções em toda a nave, descobriram que no início do século XIX o tom usado era o bege clarinho.

A restauração da fachada e da torre iniciou-se há dois anos. A fachada lateral ficou muito danificada ao longo dos anos, afinal não podemos esquecer que a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé situa-se na Rua Primeiro de Março, com imenso tráfego de carros e ônibus. Muitos elementos decorativos perdidos com a ação do tempo foram reconstituídos em uma oficina no canteiro de obras. A limpeza da fachada revelou uma curiosidade: os restauradores descobriram que em parte dela foi usada uma pintura semelhante à textura do granito. Isso apesar de a própria pedra ter sido utilizada nas paredes.

Todas essas explicações foram feitas na minha visita guiada. A visita realmente vale a pena por seu valor além de artístico, histórico, pois a Igreja do Carmo serviu de cenário para acontecimentos como o casamento de dom Pedro e Leopoldina da Áustria, em 1817, e da coroação de dom Pedro I, em 1822. Dom Pedro II também foi coroado em seu altar principal, o mesmo local em que a princesa Isabel foi batizada e se casou. O templo guarda ainda parte dos restos mortais de Pedro Álvares Cabral. A recuperação da Igreja do Carmo representa garantia de preservação de uma relíquia da cidade.

Eu não vou estar aqui, pois estarei na serra, mas na Semana Santa haverá um espetáculo de luz e som para a nave do templo. O valor do ingresso para este espetáculo é de R$ 8,00.
Semana que vem quando eu retornar para a cidade de São Sebastião, que é uma das imagens da fachada da Igreja, vou de novo à Igreja do Carmo para fotografar e assistir ao espetáculo de luz e som.

Feliz Páscoa!

terça-feira, 18 de março de 2008

Problemas no blog

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Não estou conseguindo colocar imagens no blog.
Por conta disso estou sem postar. vou tentar resolver isso hj.
Sem falta...
Desculpem meus queridos amigos da blogosfera.
Grande beijo, doce semana para todos nós.

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domingo, 9 de março de 2008

Paris, je t'aime

Quando fui pra Índia deixei Paris para a volta, pois sabia que Paris na ida iria causar um choque cultural enooorme, afinal para nós, pobre ocidentais, a estética do Oriente ainda é estranha(no melhor sentido da palavra).
Paris, tudo é lindo em Paris, a cidade mesmo no Inverno (muito muito frio) é absurdamente interessante. Os franceses e francesas abusam de charme e sabem como ninguém usar um cachecol, pashmina e chapéu.
A infinidade de museus, livrarias, cafés e praças que avivam na memória Henry Miller, Simone de Beauvoir, Sartre, Hemingway, Toulouse Lautrec, Picasso, Monet, Van gogh, ...Igrejas lindas como a Madeleine, St Germain, Notre dame.


Na beira do Sena



Comendo crepe e tomando vinho num lugarzinho tipicamente francês. O vinho francês é mesmo um capítulo a parte.





Catedral de Notre Dame: Ninguém jamais colocará as duas torres que ainda lhe faltam. rs





Montmartre, a Santa Teresa dos parisienses.




O Louvre


Ela, a definitiva Vitoria de Samotracia.



É claro que vi no Louvre a Venus de Milo, a Monalisa, as enormes coleções do Egito, dos artistas clássicos como Rembrant, Goya, Rubens ou Renoir numa das maiores mostras do mundo da arte e cultura humanas; mas a Vitoria de Samotracia é a minha preferida.






A Torre Eiffel que fizemos questão de subir até o último andar pra morreeeeer de frio!
Fizemos tudo como manda o figurino, subimos no fim da tarde e vimos o anoitecer de Paris do alto da Torre.



Fiz questão de conhecer a Rue Mouffetard ao lado da colina Ste-Geneviéve. Esta rua é uma das mais antigas de Paris, era ali o começo da estrada que ligava Paris a Roma. É claro que uma primeira viagem para qualquer lugar tem que incluir os pontos turísticos...espero numa proxima vez poder conhecer melhor as feirinhas, as ruelas, os pequenos comércios. Assim como diz o Ricardo Freire do blog
http://viajeaqui.abril.com.br/indices/conteudo/blog/viaje-na-viagem.shtml, bom é quando podemos fazer a viagem sem os passeios "Le re"(lembra daquela música da novela Escrava Isaura: le re le re...) Torre eiffel, por exemplo, é um lugar le re, mas pra quem nunca foi pra Paris a torre é um passeio obrigatório, assim como o Jardim de Luxemburgo, o bairro berço do existencialismo, St. Germain de Prés, Saint Chapelle, Quartier Latin, Rive gauche, Rive droite do Sena, Arco do Triunfo, Champs Élysées, Pantheon, Sacré Coeur, Louvre, D'orsay, Musee Picasso, Centre Georges Pompidou, Sorbonne, Jardim das Tulheries, Moulin Rouge, o Lido, a rue Norvins com os vendedores de cartões e posters de Montmartre, Monparnasse, o mercado das pulgas quase no fim de Paris, e mais muito mais na cidade cor de rosa de Piaf...La vie en rose





terça-feira, 4 de março de 2008

saudade da Índia




Antes de conhecer a Índia eu tinha inúmeras “idéias românticas” e achava que poderia descobrir sozinha a Índia. Sinceramente, as chances de tudo dar errado são imensas. É muito importante que essa viagem seja minimamente planejada, pois o país é complicado para ocidentais onde tudo funciona com uma lógica muito própria difícil de desvendar.Tudo é muito diferente, da burocracia à comida. Do caos das buzinas, trânsito, aos animais nas ruas. Dirigir para nós turistas na Índia é algo IMPOSSÍVEL! Pegue táxi ou alugue um motorista indiano, só eles são capazes de se virar na loucura que são as cidades e estradas por lá. Eles usam a buzina o tempo inteiro; não respeitam as mãos, além de saberem lidar com as multidões de pessoas, bicicletas, bondes, rickshaws, e os animais que lotam as pistas.

É importante montar o roteiro ainda aqui, no Brasil, usando os serviços de um agente de viagens para marcar hotéis, vôos internos, motorista, e assim poder aproveitar ao máximo a viagem e contornar possíveis confusões. Hotéis com menos de 5 estrelas são os recomendados. Eu fiquei hospedada em casa de brasileiro, mas fiquei em um bom hotel em Agra que não era 5 estrelas, mas tinha banheiro limpo nos moldes ocidentais, o que se tratando da Índia já é um luxo. Mesmo em restaurantes finos e Casas de chá os banheiros não são limpos. Melhor período para viajar para a Índia é no inverno, ou seja, de outubro até março. Eu fui no fim de dezembro. A temperatura é ótima...mais para friozinho e também não chove nesse período.

O povo indiano é extremamente amável, o problema é que boa parte da população não fala inglês, que é a língua do colonizador, e quando fala o inglês é com sotaque indiano, o que dificulta a compreensão. Em Calcutá (Kolkata) eles falam bengole, fui a lugares que eles falavam hindi. Em Nova Delhi eles falam um inglês mais compreensível.Na Índia vc vai ver muita muita muita pobreza, mas não vai ver criminalidade, o povo pode ser miserável, mas em nenhum momento me senti coagida ou com medo de um assalto ou coisa parecida. Inferno mesmo são os taxistas, eles sim são fogo na roupa, querem te roubar o tempo todo, salvo raras, raríssimas exceções. A bandeirada custa 10 rúpias, em Nova Delhi 8. Uma corrida de 15 minutos custa cerca de 20 rúpias (R$1), é muito barato andar de táxi por lá. Mas os motoristas gostam de meter a mão no bolso do turista, principalmente à noite eles não respeitam a bandeirada e cobram o que querem.

A alma indiana com certeza está nos templos, no politeísmo, na manutenção de uma cultura com mais de cinco mil anos e que se mantém viva (é certo que os mais jovens já estão trazendo novos dados, eles já não usam a indumentária tradicional e têm adquirido novos hábitos e valores).
Os templos abrem às 5 da manhã, fecham entre meio-dia e 4 da tarde e reabrem até às 20h ou mesmo 23h da noite. O horário de fechamento no meio do dia é para limpar a quantidade enorme de flores e doações da manhã. No final da tarde todos ficam lotados.
Tudo na índia é muito lotado...de indianos!!! Eles são muitos...

A comida é um capítulo a parte, eu mesma amo pimenta, amo comida indiana, amo os temperos da Índia que comprei aos montes. Acontece que a comida indiana que comemos no brasil, ou mesmo em Londres, é uma comida acomodada ao nosso paladar ocidental. A água só mineral e nunca nunca se pode pedir gelo. A água deles é a mais poluída do mundo. No início comi comida indiana, mas depois passei a ir em restaurante chinês, italiano e acabei caindo na base da batata frita e queijo quente. Nada de caldo de cana na rua, nada de suquinho...tudo isso pode ser fatal. Não existe nenhum exagero em nada nisso...nem na sujeira dos monumentos, dos templos, das ruas e banheiros públicos.

Acontece que tudo isso faz parte da cultura indiana, que é imensamente rica e completamente diversa da nossa em quase tudo. O tempo todo é outro mundo... em tudo tudo. A luz, a névoa de poluição, os sarees das mulheres, as cores, dourados e indumentárias de um povo vaidoso com pele quase da cor do azul com negros cabelos lindos.

Ainda hoje sinto muita saudade da índia, de tudo o que vi e do que ainda quero, quem sabe um dia, ver.