quinta-feira, 20 de março de 2008

Na cidade de São Sebastião



Eu amo igrejas, vivo entrando em todas e gosto principalmente em horários fora das missas. Acho que esta paixão se deve, pois quando eu tinha 11 anos fui visitar sozinha a Catedral de Brasília com seus anjos que pareciam despencar sobre nossas cabeças. Ainda quero voltar lá, pois não sei se pela minha pouca estatura de menina de 11 anos, o templo de Niemeyer parece enorme na minha memória.
Ontem fui conhecer a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, que já foi a catedral da cidade. Ela foi reinaugurada em 08 de março deste ano, depois de ficar fechada por 18 meses para passar por uma restauração. O local datado de 1761 foi escolhido pela Prefeitura do Rio de Janeiro como símbolo do desembarque da família real portuguesa na cidade em março de 1808. Quando cheguei à Igreja fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que estavam visitando-a, com os guias das visitas guiadas. Era como se eu estivesse numa catedral de um país de primeiro mundo. E a Igreja está linda! Absolutamente linda em todo o seu esplendor com os dourados que adornam as talhas e a pintura do teto da capela principal, foi recuperada toda a glória dos tempos em que o príncipe regente dom João a consagrou capela real.
O programa de restauração foi orçado em torno de 11 milhões de reais, bancados pela prefeitura do RJ. (A gente que reclama também tem que saber fazer uma fala de aprovação quando as coisas são feitas, e principalmente bem feitas).



O restauro quis deixar a igreja o mais próximo possível do que ela era nessa época. O interior da Igreja do Carmo é uma obra-prima do rococó, característico do fim do século XVIII.
Uma das questões com que os restauradores precisaram lidar foi justamente descobrir a cor original das paredes da igreja. Encontraram um bege escuro e, embaixo dele, uma camada de verde. Mas, depois de mais de 100 prospecções em toda a nave, descobriram que no início do século XIX o tom usado era o bege clarinho.

A restauração da fachada e da torre iniciou-se há dois anos. A fachada lateral ficou muito danificada ao longo dos anos, afinal não podemos esquecer que a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé situa-se na Rua Primeiro de Março, com imenso tráfego de carros e ônibus. Muitos elementos decorativos perdidos com a ação do tempo foram reconstituídos em uma oficina no canteiro de obras. A limpeza da fachada revelou uma curiosidade: os restauradores descobriram que em parte dela foi usada uma pintura semelhante à textura do granito. Isso apesar de a própria pedra ter sido utilizada nas paredes.

Todas essas explicações foram feitas na minha visita guiada. A visita realmente vale a pena por seu valor além de artístico, histórico, pois a Igreja do Carmo serviu de cenário para acontecimentos como o casamento de dom Pedro e Leopoldina da Áustria, em 1817, e da coroação de dom Pedro I, em 1822. Dom Pedro II também foi coroado em seu altar principal, o mesmo local em que a princesa Isabel foi batizada e se casou. O templo guarda ainda parte dos restos mortais de Pedro Álvares Cabral. A recuperação da Igreja do Carmo representa garantia de preservação de uma relíquia da cidade.

Eu não vou estar aqui, pois estarei na serra, mas na Semana Santa haverá um espetáculo de luz e som para a nave do templo. O valor do ingresso para este espetáculo é de R$ 8,00.
Semana que vem quando eu retornar para a cidade de São Sebastião, que é uma das imagens da fachada da Igreja, vou de novo à Igreja do Carmo para fotografar e assistir ao espetáculo de luz e som.

Feliz Páscoa!

Um comentário:

wilson matsumoto disse...

Oi!
Sobre igrejas, nunca gostei muito... mas ultimamente ando mudando muito minhas concepções sobre religião, etc.
Independente disso, como monumentos elas são espetaculares (algumas).
Acho que vou começar a entrar nas igrejas que encontrar pelo caminho, rsrs.
Bjs.