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Separando umas poesias da grande Marly de Oliveira
que morreu há alguns dias, deparei com essa poesia
do livro “Mar de permeio”.
...e como me disse minha amiga Bob Portas
“esse é um livro que ela fez para as filhas.
Todas as poesias são para uma ou para outra.
O Lauro (pai das meninas) disse que nesta época
cada filha morava em um país diferente
e o mar separava a família - mar de permeio”.
lenços roupas empilhadas
tênis papéis por todo o lado,
os livros do colégio, um copo d' água,
mas um jeito de amar fala mais alto
e vai fazer a cama, renovando os
lençóis; é tão forte o calor, dói
a coluna, nem dói mais, quando
sonolenta ela entra
e sorri sonolenta, um anjo
pousado um momento
no meu ombro; agora a cama está sempre
feita, o armário sempre arrumado, ela
longe longe longe numa
moldura mais que perfeita, e o
dia inteiro olho seu quarto, os quadros,
faz tanta falta aquela desordem!
ela está lá e está aqui
dentro de mim,
e quando sequer falamos
ao telefone é como se nem
entre nós um oceano
houvesse, como se nem.
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Um comentário:
Lindo de mais. Porém eu não conhecia essa escritora...
Margot
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